"Missão do século para indústria de carga aérea"
Publicado em: 9/11/2020 4:56:38 AMCeo da IATA, Alexandre de Juniac, durante 13 Simposio Mundial de Carga, em Singapura
Créditos: Divulgação/Arquivo pessoal
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) alertou os governos em todo mundo a começarem um planejamento cuidadoso com todos os setores interessados da indústria para garantir a distribuição das vacinas para COVID-19, quando forem aprovadas. A associação também destacou as restrições de capacidade potencialmente graves no transporte de vacinas por via aérea.
"A distribuição segura das vacinas COVID-19 será a missão do século para a indústria global de carga aérea. Mas isso não acontecerá sem um planejamento prévio cuidadoso. E a hora para isso é agora. Alertamos os governos a assumirem a liderança na facilitação da cooperação em toda a cadeia de logística para que as instalações, os arranjos de segurança e os processos de fronteira estejam prontos para a tarefa gigantesca e complexa que se avizinha", disse o Diretor Geral e CEO da IATA, Alexandre de Juniac.
A IATA estima que 8 mil Boeings 747 de carga seriam necessários para transportar as doses suficientes para os 7,6 bilhões de habitantes do mundo. E destaca que não existem 8 mil cargueiros B747 (considerando que a Boeing construiu pouco menos de 1.6 mil aeronaves do tipo).
Por outro lado, a maior parte da carga aérea não é transportada por cargueiros, mas nos porões internos dos aviões de passageiros. Desde o início da pandemia, as companhias aéreas reduziram as rotas internacionais, resultando em uma grande diminuição da capacidade de transporte de cargas.
A capacidade global de frete aéreo caiu 31% em julho de 2020, último mês para o qual há dados disponíveis, segundo a IATA. Com a severa redução no tráfego de passageiros, as companhias aéreas reduziram as redes e colocaram muitas aeronaves em armazenamento remoto de longo prazo. A rede de rotas global foi reduzida drasticamente das 24 mil cidades atendidas antes do Covid-19. A OMS, UNICEF e Gavi (Aliança Global para Vacinação e Imunização) já relataram graves dificuldades em manter seus programas de vacinas planejados durante a crise do COVID-19 devido, em parte, à conectividade aérea limitada.
INSTALAÇÕES DAS AERONAVES
Outra questão crítica são as adequações necessárias nas aeronaves para o transporte das vacinas. As vacinas devem ser manuseadas e transportadas de acordo com os requisitos regulamentares internacionais, em temperaturas controladas e sem demora para garantir a qualidade do produto. Embora aindaa existam muitas incógnitas (número de doses, sensibilidades à temperatura, locais de fabricação, etc.), é certo que a entrega em todos os cantos do planeta, em tempo recorde, será necessária. As prioridades para preparar instalações para esta distribuição incluem:
- Disponibilidade de instalações e equipamentos com temperatura controlada - maximizando o uso ou realocação da infraestrutura existente e minimizando construções temporárias;
- Disponibilidade de pessoal treinado para lidar com vacinas sensíveis ao tempo e temperatura;
- Recursos de monitoramento robustos para garantir que a integridade das vacinas seja mantida;
SEGURANÇA
As vacinas serão commodities altamente valiosas. Devem ser tomadas providências para garantir que as remessas permaneçam protegidas contra adulteração e roubo. Os processos estão em vigor para manter as remessas de carga seguras, mas o volume potencial de remessas de vacinas precisará de planejamento antecipado para garantir que ests processos sejam escalonáveis.
PROCESSOS DE ENTRADA
Trabalhar eficazmente com as autoridades sanitárias e aduaneiras será essencial para garantir aprovações regulamentares oportunas, medidas de segurança adequadas, manuseio e liberação alfandegária apropriados. Isso pode ser um desafio particular, visto que, como parte das medidas de prevenção da COVID-19, muitos governos implementaram medidas que aumentam o tempo de processamento. As prioridades para processos de fronteira incluem:
- Implementação de procedimentos rápidos para autorizações de sobrevoo e pouso para operações de transporte da vacina COVID-19;
- Isentar os membros da tripulação de voo dos requisitos de quarentena para garantir que as cadeias de abastecimento de carga sejam mantidas;
- Apoiar os direitos de tráfego temporário para operações transportando as vacinas COVID-19 onde restrições podem ser aplicadas;
- Remoção do toque de recolher do horário de funcionamento para voos que transportam a vacina para facilitar as operações de rede global mais flexíveis;
- Concessão de prioridade na chegada dessas remessas vitais para evitar possíveis variações de temperatura devido a atrasos;
- Considerar melhores condições tarifárias para facilitar a circulação do produto.
"Mesmo se assumirmos que metade das vacinas necessárias podem ser transportadas por terra, a indústria de carga aérea ainda enfrentará seu maior desafio de transporte de todos os tempos. No planejamento de seus programas de vacinas, especialmente no mundo em desenvolvimento, os governos devem levar muito cuidado em consideração a capacidade limitada de carga aérea disponível no momento. Se as fronteiras permanecerem fechadas, as viagens reduzidas, as frotas suspensas e os funcionários dispensados, a capacidade de entregar vacinas que salvam vidas ficará seriamente comprometida", completa Juniac.
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